FInsights #1 – o país que repudiou sua própria moeda
Hiperinflação chegou ao ponto em que o governo rejeitou o dinheiro que ele mesmo emitia
Bem-vindo, caro leitor, à primeira edição da FInsights (sim, a última foi a edição 0), newsletter que traz conteúdos sobre finanças, investimentos e estilo de vida.
Nesta primeira edição, falaremos pela primeira vez dos dois temas centrais da newsletter. E para começar, quero te fazer duas perguntas:
você sabia que existe um país cujo governo já rejeitou sua própria moeda?;
e que esse país tem muito a ver com o Plano Real implementado pelo Brasil em 1994?;
Se você apostou que esse país seria a Venezuela, Argentina ou Brasil, se enganou, pois ele nem sequer fica na América. Este país é a Hungria, uma das nações mais antigas da Europa e que também sofreu a maior hiperinflação da história.
Ao contrário de outros episódios de hiperinflações, o caso da Hungria não é tão conhecido na história econômica. Mas ele traz lições valiosas que estão na gênese até do Plano Real brasileiro. Por isso, hoje vamos conhecer mais sobre a Hungria e sua hiperinflação severa.

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A história da Hungria
Durante séculos, a Hungria foi um dos reinos mais importantes da Europa Central, servindo como uma barreira de proteção contra as invasões do Império Otomano à Europa. Nesse período, a Hungria tinha uma área muito maior do que a atual, abrangendo partes das atuais Eslováquia e Romênia.
Entre 1867 e 1918, a Hungria esteve em uma união de coroas com o reino da Áustria, o que deu origem ao famoso Império Austro-Húngaro, que abrangia praticamente toda a Europa Central. Mas quando a I Guerra Mundial chegou ao fim, esse império acabou, e a Áustria e a Hungria ganharam suas respectivas fronteiras.
Com o Tratado de Trianon, a Hungria perdeu mais de 50% da sua população e dois terços do seu território. Durante 20 anos, o país foi governado por um regime autoritário com inclinações pró-fascismo, o que levou a Hungria a se aliar à Alemanha nazista na II Guerra Mundial.
Mas a derrota alemã também afetou a Hungria, que teve seu território invadido pela União Soviética. E um ano após a guerra, uma catástrofe financeira assolaria o país.
Causas da hiperinflação
Cabe frisar que a Hungria já havia sofrido uma forte inflação de preços em 1923, mesmo ano em que a Alemanha também viu sua moeda desvalorizar. Naquela época, a causa da hiperinflação foi a impressão de moeda por parte do Império Austro-Húngaro, cuja moeda era a coroa. Mas esse episódio cessou em 1927, quando a Hungria independente instituiu uma nova moeda, o pengö.
Mas 22 anos depois, em 1945, a Hungria emergiu novamente como parte do lado derrotado na guerra. E assim como a Áustria-Hungia, imprimiu uma enorme quantidade de pengö para financiar a guerra. Foi então que, derrotada e com seu território em ruínas, o colapso iniciou.
A hiperinflação do país começou logo em junho de 1945, um mês após o fim da guerra na Europa. O banco central magiar estava quase inteiramente sob o controle do governo, sem qualquer independência. E com sua economia em frangalhos, o governo húngaro não podia se financiar contraindo dívidas, pois não tinha reservas em moeda forte.
Por isso, a solução foi imprimir dinheiro com base nas necessidades orçamentais do governo, sem qualquer tipo de restrição financeira. E como resultado, a inflação foi para o espaço. Em junho de 1945, a hiperinflação no país estava em cerca de 1.000%, o que já era um nível alarmante.

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Inflação galáctica
Só que a tragédia viria em julho de 1946, quando os índices de preço da Hungria chegaram ao impressionante nível de 41.9 quatrilhões por cento. Em algarismos, esse número corresponde a 41,900,000,000,000,000%, ou 41,9 seguido de 15 zeros.
A soma era tão absurda que a maioria das tabelas de hiperinflação sequer consegue escrever o número em escala ordinal. Por isso, a forma mais comum de representá-lo é através da escala exponencial: 4.19 × 1016%.
Para se ter uma ideia da grandeza disso, essa taxa de inflação foi 12 ordens de magnitude maior do que a hiperinflação da Alemanha em 1923. E tudo isso ocorreu em apenas um mês. Na média, os preços dobravam de valor a cada 15 horas e as pessoas tinham que levar carrinhos de mão para fazer compras.
Para acomodar a quantidade de zeros que o pengö acumulava, o governo teve que criar versões “resumidas” da nota. Surgiram então as cédulas de milpengö, ou m-pengö, que equivalia a 1 milhão de pengö; e a de bilpengö (b-pengö), que equivalia a 1 bilhão de pengö. A nota de 1 milhão de b-pengö, por exemplo, equivalia a espantosa quantia de 1 quatrilhão de pengö e foi a nota de maior valor já emitida na história.
Eventualmente, o pengö chegou a um tal nível de desprestígio que o povo começou a recusar a moeda. Mas não apenas os cidadãos: o próprio governo húngaro passou a exigir o pagamento de impostos em dólar, marco alemão ou rublo soviético. Os governantes, que emitiam o pengö, passaram a rejeitar aceitar a moeda.
No dia 1 de agosto de 1946, o governo decidiu criar um plano de estabilização para trazer a normalidade de volta ao país. Esse plano incluiu mudanças profundas no orçamento e na economia da Hungria, entre as quais estavam:
troca do pengö pelo florim – que é a moeda da Hungria até hoje;
independência do banco central;
ajuste fiscal e fim dos déficits do governo;
proibição do banco central de financiar a dívida do governo via impressão de moeda.
Essas medidas surtiram efeito literalmente da noite para o dia. Já no dia 2 de agosto, a taxa de inflação da Hungria havia caído para 20%. No fim do mês, a inflação oficial do país fechou em cerca de 10%.

CTAh, vá!
Quando foi a primeira vez que você ouviu falar sobre inflação? E de que forma isso impactou a sua vida?
Recomendação de leitura
When Money Dies – Adam Ferguson
Este livro não fala sobre a hiperinflação de 1946, mas traz excelentes relatos de como foi a inflação alemã no pós-I Guerra e o sofrimento que ela causou nos cidadãos. Os relatos de forte elevação de preços na Áustria e na Hungria também estão presentes, mostrando um panorama do que viria a acontecer na região. Trata-se de uma excelente leitura que serve como um alerta de que não devemos subestimar o poder do governo de destruir uma moeda.
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